sábado, 17 de dezembro de 2011

Diih (Para Diana Siqueira)


Encontrei com um anjo na praça
Foi a coisa mais linda que vi.
De tão linda deixou-me sem graça
Ao dizer pr'a chamá-la de Diih.

Não a via andar: Flutuava.
E eu sonhando sem ter que dormir
Perguntando em que céu que eu estava
Em que um anjo chamava-se Diih.

E falar não falava: Cantava!
E foi música a voz que eu ouvi.
Tinha cheiro de flor e esperança
E em tudo o que é bom eu vi Diih.

E eu amei com amor de criança,
E não menos que amor eu senti
Escrevi pois, amor com o seu nome
E aos suspiros de amor disse: Diih...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Desamante

Eu disse ao amor que não mais lhe servia...
Que, de fato, velho demais me sentia
Para adoçar o amargo de outra vida.
Eu, amar alguém? Seria audácia.
Seria pingar uma gota de óleo em um copo d'água,
E seguir rezando para que esta seguisse pura.
Eu não quero mesmo amar mais nada,
Mas o amor é tão teimoso.
Ele insiste em me pousar no ombro;
Ele me sopra coisas enquanto durmo,
E quando eu acordo, em meio ao pânico noturno,
Eu olho o espelho encarando alguém bobo.
E fico procurando as marcas do eu criança,
Que amava contente e sem medo dos machucados,
Que tinha o coração na ponta dos dedos e da língua,
E não tinha medo de sofrer à míngua
A dor de amores tão mal consumados.
E eu choro como ele chora ainda,
Em algum ponto das dores do passado,
Não mais por medo encontrar a dor infinda,
Mas pelo incômodo que é amar sem ser amado.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Soneto caótico

Digo Sim ao fogo negro que me toma;
Ao desdem violento em que me lanço.
Causo dor e sinto a mesma se te alcanço
Que me induz ao despertar de outro coma.

Como tudo que por maldade se repete
De anjo bom já faz muito nada tenho
E não serve perguntar de onde venho
Se interesse tal pergunta não remete.

O palpitar da escuridão que me consome
Me deixa tonto e embriaga como vinho
Deixando marcas do horror pelo caminho

E me deixando tanto horror quando esta some,
Que volto sempre a rastejar pelos espinhos,
Procurando o poeta na figura de outro homem.

domingo, 11 de dezembro de 2011

Chaplin-Chan (Para Clicya Oliveira)

Chaplin-Chan, O que você esconde?
E principalmente: Aonde?
Você que tem a força de um carvalho na flor da idade;
Que brilha, como uma estrelinha morta,
Mandando sinais de onde já nem se encontra...
Chaplin-Chan, o que esconde o seu sorriso?
Um dia você me conta?
Ah, Chaplin-Chan, é que os seu gestinhos
Um tanto sem graça ficam me dizendo algo,
E eu não sei dizer o quê,
Só sei dizer o quanto encanta...
E só sei dizer que hoje acordei lembrando
Dos seus olhos,
E, movendo os lábios,
Para soprar algo sobre você.
A primeira coisa que me veio a cabeça foi:
"Chaplin-Chan merece um poema",
E eu não pude deixar de sorrir,
E lembrar que agora,
Do mesmo modo que encontro
Calor e beleza na luz da manhã,
Descobri para carinho e respeito,
Uma nova palavra: Chaplin-Chan.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Ternura de eptáfio


Quando o grande e verdadeiro segredo das coisas
[for finalmente revelado
Não quero perdão, dispenso anistia.
Só quero a graça de ter-te ao meu lado.
Fitarei os teus olhos com com a maior das ternuras,
Só pedindo perdão por assim ter amado.
Falarei pois, entre suspiros:

“Beija-me apenas.”

E hei de reviver tudo até aquele momento,
E saberei que vivi só para ter te beijado.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ao velho bardo

Sei quem me dissse
E disse certeiro:
A coisa é somente
Uma questão de escolha.

A decisão
De encarar o inteiro
E entender o perefeito
Na queda da folha.

Sei quem me disse
para ser paciente
E manter minha alma
nos espelhos da vista,

Pois quem me disse
Não fala somente,
Mas faz das palavras
Uma arte imprevista.

Sei quem me disse
Para não ter mais medo
E encontrar nas derrotas
O caminho para a glória.

Sei quem me disse,
Dele nunca me esqueço,
E ao poeta agradeço
por mudar minha história.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Valéria

De saudade muitas vezes falei
Da dor que senti
Da esperança que criei
E de você escondi...

De amor muitas vezes escrevi
Dos sonhos que sonhei
E que ainda sim..
Nunca os realizei...

A loucura já parece sanada
Desistir também significa admitir
Não subi um degrau, mas mudei de escada.

Seus olhos sempre foram tão brilhantes
Como estrelas cadentes, sempre cintilantes
Não me ceguei, mas perdi a atenção
Que estrelas não caim em minha direção...

Sempre invejei um trovador
E até hoje não sei tocar.
Meus dedos não me ensinaram a dor.
Por pior, aprendi-a em outro lugar.

A cura me veio inesperada
Cansado não pude ver de imediato
Do abraço, do beijo, da minha hoje amada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O louco e a concha


A concha, cheia de belas curvas,
de cor tão rosada...
A concha canta quando o vento
lhe faz carinho.
Dá para ouvir qualquer coisa
no canto da concha:
Um grito de socorro,
o canto de um passarinho,
Canções do alto do morro,
conversas em fim de caminho...
Dia desses tenho certeza que ouvi
tua voz e a minha,
Conversando sobre amor
e outros doces feitos de sonho.
Eu disse a mim mesmo:
Hum...não é que a conchinha tem função “Rec”...



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lorena

Lorena, vamos rir da chuva,
Rir de Deus e dos homens?
Usar frases que já não se usa...
Fazer qualquer loucura de fim de tarde.
Dar uma folga, dar um sorriso.
Vamos fingir por cinco minutos
Que somos anjos(caídos),
E fazer o que der na telha.

Vamos fingir que estamos fora de alcance;

Invisíveis e
indivisíveis;

Distantes e perdidos nas madrugadas
Da cidade sem fim.

Traga vinho, várias garrafas.
Umas pra você, outras
pra mim...

E quando o sol nascer,
Vamos procurar ver se a
luz da manhã reflete nossas almas,

Só para teimar em ver se elas realmente
parecem tanto quanto a gente percebe.
E vamos cantar canções de amor a tudo.
E vamos dançar de rosto colado
Outras notas da valsa do infinito,
E dizer, em meio a alegria de outra
tarde de embriaguês,
Que não poderíamos passar a vida
Sem a graça de encontrar um anjo torto
no espelho que se move exatamente
Como o meu ultimo sonho de bondade.
E vamos, de algum lugar,
Das alturas da inconsciência,

Rir dos homens...

Rir da vida...

E cheios da mais pura
alegria,

Rir um do outro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Amadeo e os versos de ajuste


Alguém precisa fazer um poema de amor
[aos desajustados (como eu)
E mandá-lo, por carta, a cada um deles.
Um poema que fale diferente aos corações cansados;
Um poema cheio de bravura que,
Como tudo o que é divino,
Seja escrito certo por linhas tortas
E posto depois, por mãos cuidadosas,
Nas soleiras das casinhas sem porta,
Onde toda boa alma deve adentrar.
Alguém precisa fazer...

Mas esse alguém, onde está?

Esse alguém espera sentado,
Com as mãos sobre as pernas,
Num velho banco de praça,
Esperando receber um poema
-Qualquer poema- da gente.
Quando isso acontecer talvez ele se anime
E volte a nos escrever novamente.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A "rosa" e o vento

Pensei em ti sentada na praia,
Trocando cochichos com o vento
Enquanto ele te desarrumava o cabelo.
Pensei em ti de braços abertos
E no toque suave da brisa
Acariciando o teu corpo, teu rosto
E dizendo baixinho no teu ouvido
Da felicidade que é ser o vento
Só para poder esbarrar contigo vez por outra
E te cantar uma canção de amor no seu
Distraído assobio.
E eu juro que pensei por um instante
Que queria ser o vento,
Só para de vez em quando passar
E conversar baixinho contigo
Sobre o que é liberdade;
Só para secar o teu corpo
Quando ele estivesse molhado
Por ínfimas gotinhas d'água,
Escorregando pelas tuas curvas bem feitas,
Ou mesmo te soprar a nuca levemente
Ao acompanhar-te, feliz,
Por todos os cantos da cidade.

-É, o vento...-

E eu que pensei que nada cobiçaria,
Tive inveja do vento
E pedi-lhe um favor de irmão.
Então se sentires uma brisa macia,
Cheia de calor e ternura,
Saibas que é o vento,
levando-te um dos meus beijos,
E a minha melhor oração.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Poema sem recíproca


Não guardo em mim mesmo meu maior segredo,
Nem o maior medo, nem maior amor...
É em ti pra mim que tudo o importa repousa.

Não guardo em mim mesmo minha maior força,
Ou meu melhor pensamento...
É bem verdade quando digo,
Tudo em ti tem de mim qualquer coisa.

Não guardo em mim mesmo minha maior tristeza,
Nem guardo em mim mesmo o meu mais belo sonho.
Em ti tudo deixo por falta de escolha
E resta-me o eco elidido e enfadonho.

Já não guardo em mim mesmo nada de nobre.
Entrego-me e em ti esquecido me deixo;
Te nutro de mim idealista e esnobe,
E à vida te entrego num triste desfecho.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A carta rimada


A carta rimada
Guardava um segredo
De vento e verdade
Que a boca não ousa.

Se dito o que escreve
Ecoa no tempo
Falada se perde
E vira outra coisa.

A carta rimada,
Magia de circo,
Haikai disfarçado,
Com algo inexpresso.

A carta rimada,
Me deu calafrios
Trocou-me a danada
A função dos verbos.

A carta rimada,
Tão cheia de vidas,
Tão farta de histórias
De falsos amores.

Com rimas de sangue,
Tão sínica e triste,
Que em seu preto e branco
Mostrou-me outras cores.

A carta rimada,
Não mais um poema,
Prisão de vivente
Em escrito perverso.

A carta rimada,
Uma carta somente,
Que ri descontente
Do autor dos versos.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

The phanton pain (a Ashley Riot)


Perdido em seu próprio labirinto
Como um cão que perseguia a própria calda,
Fez da busca a razão, foi existindo,
E de repente só encontrava em si o nada.

Foi pois guiado pela cegueira inconsciente,
Que fez de si tolo cruzado vigilante,
E prosseguiu como acólito obediente,
Fingindo sempre ignorar a dor constante.

Sua vontade obsessiva e desolada
Tornou-se ódio dito ao falso bem vigente,
E fez da dor a causa eterna a ser lutada,
Sem dar-se conta da verdade inclemente.

Pois segue sempre a doer a dor fantasma,
Fazendo andar o mesmo caminho novamente.

domingo, 11 de setembro de 2011

Brisa litorânea

Sistemas, causas, pessoas,
O pesar de qualquer  pensamento
Galáxias, Cidades, notícias...
Mas eu só escuto o som do vento.
Desastres,  doenças, discórdias;
Novas estrelas, velho firmamento.
O mundo de tantas mixórdias.
E eu só escuto o som do vento
As horas, os dias, os meses...
Os homens e o seu sofrimento,
Vou vivendo entre uma e outra coisa,
Mas ouvir... Eu só ouço o vento.
Sigo no mundo perdido entre tantos...
Vivendo inconstante outro simples momento
Buscando tua voz além da voz dos homens
Eu busco ouvir-te em meio aos sons do vento.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Cinco minutos de proscrição e falsa poesia

Um poema que fale a verdade. 
Um  poema de quem está triste.
Um poema poema mesmo, 
Como nos filmes do cinema mudo;
Nada dito, tudo entendido; 
Nada vezes nada igual a tudo...
Que dá nada.
A matemática de todo o universo
Em um poema de cinco minutos.
Um poema tolo e proscrito,
Sem casca, recém-nascido; 
Recém-destruído.
Um poema com vida própria, com dor própria,
Com raiva própria.
Bastardo, sem pai.
Ah se fosse o silêncio a voz do interlocutor.
O silêncio sim parece uma canção de amor eterno.
Amor a tudo, amor a nada...amor.
O silêncio não faz distinção, e este poema também não deveria,
Mas o poema tolo puxou ao criador,
E vai sofrendo por antecipação antes do fim de cada verso.
E ele escolhe e divide, ele rima e se entrega, Ele fica e dá-se todo sonhando ser necessário.
Ele diz "me leia" como os mendigos pedem esmola
Um verso interroga? o próximo nega.
E ele sai quase sozinho, vai se escrevendo.
Me deixando para traz, como sempre.  Agora, poema maduro, sabe que de sua origem nada mais importa.
Ele se encerra quase sozinho,
me pedindo em silêncio um ponto final.

sábado, 27 de agosto de 2011

Infantilidade (ou poema infantil-III)

        Eramos ninguém. Não precisávamos de nomes, nem de um verbete qualquer que se arriscasse a uma aproximada descrição; nem precisávamos de consciência para indicar tudo o que precisávamos fazer, mas não fazíamos por, no fundo, não achar de fato o melhor.
Eramos vento; uma brisa quente e macia que chocava nossas vontades e entre nós tudo movia.
Eramos olhares ansiosos, pedidos de perdão que não sucediam erros, apesar de alguém assim os chamar.
E as desculpas que tínhamos de dar não se deviam a nenhum crime que não o nosso sentir tão mútuo e, a nós, tão desleal.
        Eramos perfeitos à imagem e semelhança dos nossos sonhos, e eramos inocentes a ponto de achar que o resto era só o resto, e que este sempre estaria a quem de nossa real pretensão.
Eramos o meu pretexto e minha convicção em acreditar que os fins justificariam quaisquer meios se fossem nobres.
        Eramos tudo o que tínhamos apesar de nada sermos.
Eramos minha vontade de mudar o mundo e de tê-lo melhor para nós.
Eramos tudo do que posso sentir saudades sem pesares quanto as minhas ações.
Eramos um sentir e também um pensar.
Eramos o teu e o meu coração, indo juntos a nenhum lugar.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Poema pela metade


Eu quero hoje escrever um poema sem classe,
Um poema mesmo de poeta bem pobre,
Daqueles que tornam um mendigo esnobe
Por duvidar da sua mediocridade.
Eu quero escrever um poema miserável,
Realmente infeliz por inteiro,
E não mais um poema pela metade.
Eu quero um assunto, qualquer troço verdadeiro
Que desafie a vã obviedade.
Algo que defina o meu gosto,
Que me dê algum rosto, alguma vontade...
Mas quero hoje algum poema inteiro;
Eu já cansei de escrever pela metade.
Porque, quando é de madrugada,
É sempre o mesmo vazio que me invade.
Eu penso coisas sobre fim e recomeço;
Eu desfio toda a realidade.
Me mostro em cores que não reconheço,
Escrevo versos sobre a santidade;
Relembro um velho amor que não esqueço...
Encontro em mim alguma vaidade.
Mas quando amanhece, ah quando amanhece,
Eu tenho que voltar para a vida.
Mentir a mentira cotidiana e compartilhada;
Fazer caras e bocas para o meu povo,
Trilhando com tudo a estrada do nada.
E é dormir, acordar, fazer de novo...
Não sei se tenho estômago para esta verdade,
Mas quero hoje um poema inteiro;
Eu já cansei de escrever pela metade.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Dominação

Trovões rugiam incansavelmente
Até que suas lágrimas escorressem
Em vales que neles desejassem
E flores cultivar pacificamente

E lutaram quase que no eterno
Contra o “Escolhido Senhor”
Suas luzes superaram
Nas nuvens, a mão do Opressor

Zeus e o Olímpio foram astutos
O tempo não foi longínquo
 Imperceptível se tornou
A derrocada dos pequeninos

O tear, roubado
Os Elíseos, tomado
Os trovões então,
Por si próprios, cegados

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O insensível poema do homem sem lágrimas


Chora.
Eu não posso confortar ninguém hoje;
Eu não posso fingir que sei das coisas,
Ou talvez eu só não queira.
Chora.
Deixe o blues tocar forte a tua alma,
Entre as notas mais limpas e mais sentidas
[da melancolia que é a nossa vida.
Chora vai...
Chora por nós dois o que eu não posso chorar.
Chora a mágoa de saber a mentira que é a civilização
E a loucura que é amar hoje em dia.
Chora que aí, quem sabe, eu possa te dar a mão,
Beber tuas lágrimas,
E dançar contigo de Olhos bem fechados.
Mas chora.
Me prova que alguém se importa com as coisas
[além de si.
Chora para eu saber que a tua dor é uma 
[que se soma entre outras,
E não um mar de egoísmo.
Chora e aí talvez eu sinta saudades do que perdi contigo.
Eu ainda vou estar aqui quando as lágrimas secarem,
Mas, por enquanto, deixe a dor tomar conta de tudo
Para que eu possa sofrer e, se preciso, morrer contigo.
Não me diga uma palavra, não agora.
Apenas chora, chora...


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Aos gentis e carentes com todo amor que me resta


Quero de volta a minha vontade de dizer, de expressar com força a minha opinião, aquela gana para falar de mim como quem sabe e não como quem pensa que esqueceu os detalhes quando são eles que fazem a diferença.
Eu quero o troco. Quero, eu sei, porque já paguei caro demais pelas coisas que não ganhei.
Dura estrada espinhenta,
Canto rouco em verso e prosa;
Sigo sempre em marcha lenta,
Deixo aos espinhos sangue pra rosa.
Eu vou, eu sou durão. Sou muito teimoso para admitir qualquer lógica que me separe dos sonhos.
Os sonhos são o que resta; O mundo é um retrato velho jogado na água e todo dia eu subo à superfície para respirar.
Quem sabe se um dia eu não arrasto o mundo comigo e o meu povo respira?
Quem sabe eu não trago à tona o Brasil de poetas sem teto que passam fome e amam os livros?
Quem sabe eu não possa mostrar que na irmandade da mendicância há muito mais poesia do que na fartura de quem se basta?
Eu preciso é dos miseráveis e dos animais doentes, dessa gente triste e sorridente que ocorre por todos os cantos da minha realidade...
Sabe o que eu descobri? Com esses é que tenho irmandade, e pra esses eu canto!
Rouco, louco...
Muito ou pouco!
Vou rimar quando me der na telha e dizer o que preciso que saibam nas elites, considerando toda forma de expressão, porque eu sou outra voz dos desfortunados e sei que eles precisam não da minha poesia, mas de qualquer poesia que seja para seguir em frente.

Quem sabe não ajudo a puxar o quadro velho e faço do mundo um lugar enfestado de loucos inofensivos e apaixonados, inebriados pela graça e beleza dos clows shakespearianos?
Quem sabe não ensino a certos homens que não é preciso ser santo, apenas bom o bastante?
Quem sabe um dia, alguém não gritará alto meu nome dizendo-me herói de qualquer nobre cruzada, não em nome de qualquer deus, mas em nome do fim da covardia e do esquecimento dos quais há tantas vitimas?
Ah meus amigos, venham comigo, falem exatamente o querem falar, o que precisa ser dito.
Eu apagarei, vocês apagarão. Somos cigarros nas mãos do tempo, queimando devagarinho; morrendo dia após dia, esperando para ser feliz depois, quando a casa da certeza é o agora.
Eu não vou mudar o mundo, eu sei disso, mas eu vou morrer tentando e se alguém vier comigo tudo vai ter valido a pena; Eu não terei sonhado sozinho, gritado sozinho, enlouquecido de amor pelas coisas, pelos necessitados e gentis sozinho.
A minha alma vai nos versos e eu deixo neles o meu legado, prova de que os carentes de sorriso largo tem alguém que os ama, que os bichinhos famintos e inocentes tem alguém que pensa neles e, enquanto eu puder, subirei à superfície para respirar cantando para mim, para eles e para todos os que sentem como eu a necessidade de um quadro novo e de um mundo melhor.

Pedido

Peço que durma agora
Só assim poderá ser
Que dos horrores, possa você,
Desse mundo ir embora

Não me sobrou nenhuma opção
Peço que se cubra na Solidão
Faça por você, por todos nós
Fale! Grite! Não silencie sua voz

Não tens mais que temer
Senão toda pura vaidade
Peço que veja a Verdade
Que seu irmão a faz não ver

Esqueça suas omissões
Não tremule suas ações
Não aguarde que lhe chame
Peço que não se Prolongue

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Maestro


A tua mão me guia
Dançando uma valsa harmônica
Leve como a brisa do dia
O teu movimento me conduz, me convida

No meio ao silencia surgia a melodia
Inaudívelmente tocando em meu coração
Que não sabera eu sequer que existia
Mas tu, em mim, ela encontraste

E eu te sigo em marcha
Em meio ao sol cálido
E embora já cansado
A tua mão me motiva

E não importa onde esteja
Tocando em meio aos dez, aos mil
A nós tu sempre deste a certeza
Sabemos que de tu somos “Filhos Mios”

sábado, 30 de julho de 2011

Brave Heart( O meu poema para Cloud Strife)


A ti que fizeste do nada
O melhor motivo para amar a tudo.
Que fez da coragem espada
E do coração o teu escudo,
Escrevo de alma lavada,
Por mais que tua imagem pareça distante.
Tua lição será sempre lembrada:
“Não há nada que não seja realmente importante.”

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Oito versos, página e pé


Oito versos, pagina e pé
Versos sem pão, sem maldade ou café,
Rima pagã que diz Deus com chulé.
Versos sem dor p'ra Maria e José.
Falam em Deus, mas enfim: Quem tem fé?
Uma adivinha?  O quê é o que é?
Oito versos sem cabeça ou pé
Versos de amor p'ra Maria e José.

Coração

Normal não seria eu dever
Além do simples pensamento
Braços ou pernas eu mexer
Fazer em mim meus movimentos

Normal não seria eu administrar
Cada etapa, invisível a mim,
Do ar, ou comida que deixo entrar
Minha nutrição trabalhar

Normal não seria acontecer
Outra pessoa minha mente ler
Embora eu desejasse assim
Em outra pessoa o mesmo fazer

E assim descobrir então
Se somente eu que a seqüestro
E no meu mundo a guardo.
Se esse crime ela já cometeu

Porque normal seria
Eu, pelo menos, gostaria
Poder entender essa batida
Se meu peito, musica não toca

Ver em cada pessoa
Cada rosto, um espelho
E não ser eu, mas
Outra ele fazer refletir

De ponta a ponta
Um paraíso nunca tido
Desejo bem mais além
Do qual já possuo estadia

Normal não seria
Mas eu gostaria
De pelo menos ele
Eu conseguir entender

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ao relento (Ou a mágica do desconhecido segundo Rebeca)

Fazendo da nota fato,
Eu nado por entre os carentes
Jogado entre muitos relatos,
Tão cognatos às nossas gentes.
Escolho as palavras sem medo,
A simplicidade me anima.
Sou bobo? Claro, concedo!
-Eu ligo as ideias por rima...-
Descobriste já o meu segredo,
O que por fim me desatina?
É que já não me move o enredo:
Sou Pierrot sem Colombina.
Nada me prende, ninguém me tem;
Estou em cada província vista.
Feito de nada; Eu sou ninguém.
Sei que o meu nome não consta na lista.
Nadando sempre por entre os fatos,
Eu sigo torto por entre os carentes,
Cantando entre tantos relatos
Tão cognatos às nossas gentes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Eternidade (2)

A Eternidade é só um momento
Um mero momento para ser aproveitado
Vivido, sem medo de ter se arrependido
Ou passar dias chorando o seu lamento

Não é para sempre que se dura a Eternidade
Mas sim um pequeno, mero momento
Da nossa vida que dura além da nossa capacidade

Não há anos que meçam a eternidade
Nem memórias ou registros da humanidade
O Coração que batem o Amor que nasce
A Saudade que fica e a Esperança que prevalece

Muitas Eternidades já tive e quero ter
Mas se as fosse resumir...
Só precisaria dizer uma palavra: Você

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Indecisão

Poderei em terras eu navegar?
Novas coisas eu encontrar?
Mais riquezas eu acumular?
Novos amores eu me encantar?

Vento sopra, sempre é tempo
Sempre é tempo de navegar
Meu barco está pronto, mas
Não irá ele tremular?

Penso ter barco bem preparado
Mas nunca se sabe o tempo
Que demorará a chegar
Nessa terra que estou a visitar

E minha terra como ficará?
Sendo que eu dela vou me ausentar.
Dará ele frutos ainda a mim?
Serei dela ainda seu dono?

O vento corre, sempre e forte
Agora é tempo de navegar
Com demora. Sem demora
Sempre a tempo de navegar

Devo ir agora. Vou agora
Preciso me prevenir. Vou me apressar
Pode outrem tomar meu lugar
E com terra nenhuma eu ficar

E se outro lá já estiver?
Como eu ficarei?
O que devo eu fazer?
Devo me apressar?

Penso e Paro
Paro e Penso
E o Vento soprando
E o Tempo Passando

terça-feira, 19 de julho de 2011

Soneto da Realização

Do meu Sonho eu te puxo
Finalmente paro de te perseguir
Das infinitas Maratonas que correra
Procurando o lugar que se escondera

Num abraço eu te Amarro
Com Nós que ninguém saberá desatar
E até mesmo um suor
Entre nós morreria sufocado

E você, donzela dos meus sonhos
Que realizara cada desejo meu
O que falaria a mim?

O tempo está a acabar
Diga-me logo o que me achou
Pois agora só quero, realmente, te amar!

domingo, 17 de julho de 2011

A carta de dezessete de julho

O tempo frio me deixa com vontade de escrever cartas, sem razão exata, só escrever cartas. Cartas tristes, apaixonadas, cartas novas com velhas coisas sobre mim e sobre o mundo como eu vejo.

Eu sempre escrevi sabe, mesmo quando não sabia o que era exatamente que escrevia, mesmo quando era em papel de pão ou capa velha de disco, e sempre de alguma forma me senti destinado a dar a mim mesmo alguma chace de dizer o que ninguém parece querer ouvir, mesmo quando as cartas já não tinham destinatário, mesmo quando o amor faltava nas linhas e mesmo quando parecia uma imensa perda de tempo como me parece neste dia dezessete de julho no qual, a cada repetição da data, sempre escrevo algo mais e mais sem graça.

A verdade é que, com o passar do tempo, vão-se as ilusões da infância e o abandono que se sente quando elas vão embora segue despontando na alma junto com as mnemônicas recordações de qualquer coisa. Que chato!Sempre uma coisa leva a outra não? Com o tempo, quando se vive como eu vivi e sigo vivendo, vai-se quase tudo. vão-se as coisas, os gostos, os cheiros, e você começa a sentir que tudo está ficando assustadoramente menor que tudo e maior que nada...e acaba que, sem que você perceba, as cartas já não têm destinatários, você já não quer falar de si mesmo e tudo o que realmente deixou alguma marca está do lado de dentro, e você acaba por pensar que quer esquecer tudo tudo para não ter que acordar com você mesmo no dia seguinte, sozinho de novo; triste de novo.

As cartas são as mesmas? Não sei, mudei muito com o passar dos anos, cada vez sou menos eu. Alguns poetas dizem que estamos sempre escrevendo o mesmo poema de uma outra forma. Pois é...

Devo seguir esse mesmo princípio.

As pessoas são as mesmas? Olhando daqui até parece, mas de fato não sei, estou da porta para fora e só elas e suas atitudes me dirão o quão certo ou errado eu posso estar sobre tudo o que posso realmente ter delas.

A vida é a mesma? É o único ponto onde posso afirmar com certeza que sim. O mundo é o mesmo e ele transpira ganância e maldade; os homens em sua maioria são frios e corruptos -salvo um ou outro anjo que de tempos em tempos desponta no meu horizonte.- E eu não sou tão diferente deles quanto gostaria.

Eu queria tanto ser santo sabe, os santos são tão bons e tão excelsos que nunca precisarão escrever cartas explicando a sua humanidade a si próprios; eles não precisam cobrar o preço de ter consciência, de fazer absoluta e repudiável ideia sobre as coisas, eu preciso e eu cobro como ninguém se atreve a pensar possível e sinto como ninguém nunca saberá realmente. Mas a minha santidade está perdida entre os meus suspiros e os soluços que ouvi uma vez em alguma noite fria desse mesmo mês.

Mas pensando bem deve mesmo ser sim a mesma carta, outro fragmento de fragmento, outro pedaço do meu despedaçado peito, preso em algum século passado por apoiar alguma revolta camponesa, e eu escrevo para ver ressoar no vento de outras ideias todo esse nada que eu sinto, o vazio, a ausência, o eco do meu grito que ninguém parece mesmo ouvir. A carta é infinita se puder seguir com o vento e eu conto ao vento as minhas mágoas para não incomodar ninguém e faço do papel meu confidente porque alguém precisa saber algum dia.

O tempo frio antes não dava sono nem náusea, hoje eu tenho muito sono e muito enjoo, e tenho certeza de que preciso dormir para acordar para dentro, dormir para me encontrar de algum jeito,ou esquecer tudo o que sei, ou me perder de vez, ou mesmo não vomitar enquanto olho o espelho e esfrego as mãos sujas sobre a boca mal desenhada; Preciso mesmo dormir porque assim nem sofro, nem escrevo, só durmo e dormindo talvez possa ser santo. A pausa da grande carta, o ingênuo sono.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estação


O inverno chegara muito frio
Poderia a senhorita da Caixa Preta
Ter me prevenido isso?
Estava ela tão fina que não a vi?

Sentar-me com leite quente
E cegar-me diariamente
Falecer em minha própria residência
Ora, mas antes já fazia isto!

Minha Mão e meu Sorriso
Agora eles, posso a todos garantir
Sempre um para cada amigo
Mesmo na cama estando eu a dormir

E a muitos tenho a lhes dar
Muitos eles que nem vejo
E para aqueles que não me vêem
Declaro enorme amor e desejo

Comungo-lhe: Segredo,
Esperança, Sonho,
Paixão, Amor e Beijo
Mais fiel do que ao Carpinteiro

E desgostado não fico
Querendo eu ser visto
No Alto Mar improviso
E com risos me glorifico

Tanta coisa a se fazer
Nesse inverno prematuro
Mas ora, como pode?
Agora não é época de inverno!

sábado, 2 de julho de 2011

O triste poema do gênio passional

Sou um cretino, escrevo sobre o mundo,

A vida, galaxias inteiras;

Sobre a fome no nordeste e a violência no centro-oeste;

Falo de cinema, literatura e outras formas de arte;

Sobre modelos socioeconômicos e políticos

E...sou um cretino, talvez o pior deles.

Escrevo sobre bondade e humanidade;

Travo debates sobre Platão com Hedgar;

Falo de jogos, desenhos e coisas da pós-adolescência.

Sabe, eu falo, escrevo, falo...

E o tempo todo o meu peito está apertado,

E eu acho que nunca poderei mesmo pensar nessas coisas

Como deveria.

Porque, sempre que quero mesmo pensar,

Me vem a frase de sempre:

“Na verdade a gente nunca mais se vê...”

E me bate um amargo na boca com uma descrença na vida...

Sou um cretino que passa muito tempo com a boca aberta,

Falando no piloto automático,

E estou sempre preocupado com o fato de que,

Embora te veja sempre, já não te veja mais.

E eu quero ser cidadão do mundo,

Mudar o conceito de humanidade,

Dar um jeito na política e pobreza...

Mas sou um cretino que não pode mudar nem mesmo

O peso da tua ausência presente sobre a própria alma.

E eu sigo o molde, me misturo...

Eu estou sempre entre as pessoas.

Sigo achando-as adoravelmente simplórias

E até fico feliz por isso.

Mas sou um cretino, e gente como eu não pode se dar

Ao luxo de ser feliz muito tempo

(Embora possa fingir- para sempre- se preciso for).

Claro que sabes dessa minha cretinice! Por que outro motivo

Me seria tão distante?

No dia em que sentei à tua porta porta para pedir desculpas

acabou que não saíste o “tu” que eu esperava,

E eu segui de lá para cá remoendo,

Como quem come grãos de café com água de boldo.

A verdade é que, passe o tempo que passe,

Para mim tudo foi ontem.

E eu não consigo pensar no mundo quando lembro

Que você caminha nele.

E foi só um beijo, não foi?

-Não, não foi, não e não!-

Outras bocas depois da tua boca;

Outros corpos depois do teu corpo pequeno,

Cheirando a sexo e doce.

Plutão não é mais um planeta sabia?

Mas sim, minha cretinice é notória e eu tenho

O mau hábito de escrever como penso e rezar

Para que soe como falo.

Eu deveria pensar o universo,

Ascender às alturas em quadros e quadros de

Equações sobre a física quântica,

No entanto, sempre que rabisco sobre o assunto, acabo

Esbarrando em qualquer dimensão onde estamos juntos;

Onde não foi só um beijo louco e roubado;

Onde nossos filhos são lindos e inteligentes,

Leem Voltaire e tocam violino.

Ou onde vamos juntos ao cinema, ou a qualquer

Outro lugar felizes, e onde a força das circunstâncias

Não permita que sumas para sempre da minha vista,

ficando apenas em minha memória e em um punhado

De cartas poema inúteis e choronas,

Como tanto me envergonho de ser.

Eu deveria estar mudando a minha vida, mudando o mundo;

Fazendo algo realmente importante...

Mas eu não vou, porque sou cretino.

E não vou principalmente porque,

Quando eu queria mudar o mundo,

Todos os meus planos passavam por você de alguma forma.

Sem você -para sempre e sempre-

Perdi todas as razões para tentar mudar a mim mesmo

E agora só quero dormir o sono redentor dos cretinos

Que nem sabem o que são.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Constatação

Passei anos tentando ser de verdade,

Sério: Passei mesmo.

Um desperdício da minha boa vontade,

Simples, Dor a esmo.

Tracei esboços de felicidade;

Fiz de tudo minha pessoal cruzada.

Só não atentei a mais tola obviedade:

O caminho de tudo leva a nada.

Hoje sou! Isso não penso e não discuto.

Não envaideço o pouco que sobrou,

O ideal do meu sonho dissoluto.

Na realidade não pergunto nem respondo,

Sou só mais um que se afastou da luz sagrada.

E constatou olhando as coisas dessa vida,

Quanto o caminho de tudo Leva a nada.