Chora.
Eu não posso confortar
ninguém hoje;
Eu não posso fingir
que sei das coisas,
Ou talvez eu só não
queira.
Chora.
Deixe o blues tocar
forte a tua alma,
Entre as notas mais
limpas e mais sentidas
[da melancolia que é
a nossa vida.
Chora vai...
Chora por nós dois o
que eu não posso chorar.
Chora a mágoa de saber
a mentira que é a civilização
E a loucura que é amar
hoje em dia.
Chora que aí, quem
sabe, eu possa te dar a mão,
Beber tuas lágrimas,
E dançar contigo de
Olhos bem fechados.
Mas chora.
Me prova que alguém se
importa com as coisas
[além de si.
Chora para eu saber que
a tua dor é uma
[que se soma entre outras,
E não um mar de egoísmo.
Chora e aí talvez eu
sinta saudades do que perdi contigo.
Eu ainda vou estar aqui
quando as lágrimas secarem,
Mas, por enquanto,
deixe a dor tomar conta de tudo
Para que eu possa
sofrer e, se preciso, morrer contigo.
Não me diga uma
palavra, não agora.
Apenas chora, chora...
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