segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O insensível poema do homem sem lágrimas


Chora.
Eu não posso confortar ninguém hoje;
Eu não posso fingir que sei das coisas,
Ou talvez eu só não queira.
Chora.
Deixe o blues tocar forte a tua alma,
Entre as notas mais limpas e mais sentidas
[da melancolia que é a nossa vida.
Chora vai...
Chora por nós dois o que eu não posso chorar.
Chora a mágoa de saber a mentira que é a civilização
E a loucura que é amar hoje em dia.
Chora que aí, quem sabe, eu possa te dar a mão,
Beber tuas lágrimas,
E dançar contigo de Olhos bem fechados.
Mas chora.
Me prova que alguém se importa com as coisas
[além de si.
Chora para eu saber que a tua dor é uma 
[que se soma entre outras,
E não um mar de egoísmo.
Chora e aí talvez eu sinta saudades do que perdi contigo.
Eu ainda vou estar aqui quando as lágrimas secarem,
Mas, por enquanto, deixe a dor tomar conta de tudo
Para que eu possa sofrer e, se preciso, morrer contigo.
Não me diga uma palavra, não agora.
Apenas chora, chora...


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