sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Ao velho bardo

Sei quem me dissse
E disse certeiro:
A coisa é somente
Uma questão de escolha.

A decisão
De encarar o inteiro
E entender o perefeito
Na queda da folha.

Sei quem me disse
para ser paciente
E manter minha alma
nos espelhos da vista,

Pois quem me disse
Não fala somente,
Mas faz das palavras
Uma arte imprevista.

Sei quem me disse
Para não ter mais medo
E encontrar nas derrotas
O caminho para a glória.

Sei quem me disse,
Dele nunca me esqueço,
E ao poeta agradeço
por mudar minha história.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Valéria

De saudade muitas vezes falei
Da dor que senti
Da esperança que criei
E de você escondi...

De amor muitas vezes escrevi
Dos sonhos que sonhei
E que ainda sim..
Nunca os realizei...

A loucura já parece sanada
Desistir também significa admitir
Não subi um degrau, mas mudei de escada.

Seus olhos sempre foram tão brilhantes
Como estrelas cadentes, sempre cintilantes
Não me ceguei, mas perdi a atenção
Que estrelas não caim em minha direção...

Sempre invejei um trovador
E até hoje não sei tocar.
Meus dedos não me ensinaram a dor.
Por pior, aprendi-a em outro lugar.

A cura me veio inesperada
Cansado não pude ver de imediato
Do abraço, do beijo, da minha hoje amada.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O louco e a concha


A concha, cheia de belas curvas,
de cor tão rosada...
A concha canta quando o vento
lhe faz carinho.
Dá para ouvir qualquer coisa
no canto da concha:
Um grito de socorro,
o canto de um passarinho,
Canções do alto do morro,
conversas em fim de caminho...
Dia desses tenho certeza que ouvi
tua voz e a minha,
Conversando sobre amor
e outros doces feitos de sonho.
Eu disse a mim mesmo:
Hum...não é que a conchinha tem função “Rec”...



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Lorena

Lorena, vamos rir da chuva,
Rir de Deus e dos homens?
Usar frases que já não se usa...
Fazer qualquer loucura de fim de tarde.
Dar uma folga, dar um sorriso.
Vamos fingir por cinco minutos
Que somos anjos(caídos),
E fazer o que der na telha.

Vamos fingir que estamos fora de alcance;

Invisíveis e
indivisíveis;

Distantes e perdidos nas madrugadas
Da cidade sem fim.

Traga vinho, várias garrafas.
Umas pra você, outras
pra mim...

E quando o sol nascer,
Vamos procurar ver se a
luz da manhã reflete nossas almas,

Só para teimar em ver se elas realmente
parecem tanto quanto a gente percebe.
E vamos cantar canções de amor a tudo.
E vamos dançar de rosto colado
Outras notas da valsa do infinito,
E dizer, em meio a alegria de outra
tarde de embriaguês,
Que não poderíamos passar a vida
Sem a graça de encontrar um anjo torto
no espelho que se move exatamente
Como o meu ultimo sonho de bondade.
E vamos, de algum lugar,
Das alturas da inconsciência,

Rir dos homens...

Rir da vida...

E cheios da mais pura
alegria,

Rir um do outro.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Amadeo e os versos de ajuste


Alguém precisa fazer um poema de amor
[aos desajustados (como eu)
E mandá-lo, por carta, a cada um deles.
Um poema que fale diferente aos corações cansados;
Um poema cheio de bravura que,
Como tudo o que é divino,
Seja escrito certo por linhas tortas
E posto depois, por mãos cuidadosas,
Nas soleiras das casinhas sem porta,
Onde toda boa alma deve adentrar.
Alguém precisa fazer...

Mas esse alguém, onde está?

Esse alguém espera sentado,
Com as mãos sobre as pernas,
Num velho banco de praça,
Esperando receber um poema
-Qualquer poema- da gente.
Quando isso acontecer talvez ele se anime
E volte a nos escrever novamente.