segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Sunset

Eu não sei como as coisas andam,
Nem mesmo sei se algo interessa.
Eu julgava ser cedo da tarde,
Mas anoiteceu e não tenho pressa...
E esse suor que no olho arde
Hoje em dia nem serve de pista
Pra tudo mais sobre o que eu não falo,
Coisas que há tempos risquei da lista.
E eu gostaria de esclarecer,
Mas de fato, baby, quem se interessa?
Todo mundo me fala em viver,
Mas vivendo só morro menos depressa...
Eu que nem bebo e nem fumo,
Que me aventuro pouco além da cerca,
Que trago marcas de sol no rosto,
Que trabalho duro de segunda a sexta,
Ando com medo de hospital
E com pouca grana pra comprar comida.
Eu não tenho ido à capital
E, talvez por um certo apego à vida,
Da cruz tenho feito o sinal
E rezado a Deus pra que me proteja,
Salivando perante qualquer bife
E um outro tanto se vejo cerveja.
Mas isso é conversa velha,
Como já falei, ando mesmo sem pressa.
Meu amor, é como eu sempre digo:
“No fim das contas ninguém se interessa”
Eu ando mesmo de olhos bem abertos...
Com esse suor que na vista arde...
Tentando não anoitecer
Pra fazer de conta que é cedo da tarde.