sábado, 30 de abril de 2011

Perfeição - Ana Flávia Holanda

A algo impossível dediquei a minha vida
Sem saber como viver perguntei a Deus o que fazer
E a tarefa Ele me deu de a Perfeição encontrar
E mesmo sabendo que parecia tolice decidi aceitar

Consegui assim sobreviver
Encontrava tudo de maravilhoso
Cultura, Obras, Paisagens
Toda criação em admirava

Mas sabia que longe estava
De a minha missão cumprir
Por mais belas que fossem
Satisfação não conseguia sentir

A sombra da noite veio me envolver
Em mais um Mundo estranho mergulho
Longe da visão vejo um ser
Onde só formas humanas consegui lhe descrever

Só confusão tive ao acordar
Como outros, este sonho não soube decifrar
E conforme o tempo veio a passar
Esquecido na memória deixei-o repousar

O súbito me aconteceu
O sísmico estremece o meu corpo
Nenhum dos sentidos eu sinto
Senão a batida, o batucar do meu coração

Minha visão se clareia
Já tenho certeza do que vejo
Só uma coisa me passa pela cabeça
Está agora, finalmente, realizado meu desejo?

O sonho que tive renasce
Além do sonho agora vejo
Não foi divino o que imaginei
Mas completa em forma humana a achei

Assim a vi com perfeição:
Como de grandes vales e serras
Assim eram suas curvas e silueta
Que compõem e moldam o seu corpo

Como astros a iluminar
Meu caminho no anoitecer
Encontrei em seus olhos
Mesma luz e intensidade

Como obras e estátuas de outrora
Vi forma simetricamente perfeitas
Lindas curvas formam seu corpo
Em cada detalhe dele

Vi o mais delineado rosto
Puro, sereno e macio era
Sua pele, como as nuvens deveriam ser

Delicados, delineados e frágeis lábios
Que qualquer um com muita ganância
Machucá-los podia se os desejassem
Sem a ciência de cuidados deveria ter

Finalmente passo comemorar
Não foi a uma mulher que encontrei
Encontrei a Perfeição
Encontrei Você

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Soneto Para Lina

Não quero ser um poeta
De caligrafia perfeita
Que fala entre versos cultos
Das muitas bocas que beija.

Eu quero ser o poeta
Que tendo apenas a boca
E evanescente brilho nos olhos
Alegremente verseja.

E daí que te sumas nos ares
Onde o meu amor adeja?
Aceito o que me ofertares, pois veja:

Não quero as coisas do meu jeito;
Não tenho nada de nada perfeito;
Se assim tem que ser, que seja.

Dama de Preto - Jéssica Queiroz

Vejo-a ao fechar dos meus olhos
Além do sonho, uma vontade, se tornou.
Rápido Rápido pulsara meu coração.
E em dia, desejar à noite logo a chegar.

Não é o dia que eu quero admirar.
Desejo agora a noite prolongada.
E que nela pareça o tempo não acabar.
E em ti alimentar os meus desejos.

Tornou-se Rainha do meu Reino.
Tomou meus Tesouros.
Desvendou meus Segredos
Fez-me escravo em meu Castelo

Agora tudo é embaraçado.
Coisa alguma faz sentido.
Sua entidade é tudo que reconheço.
E sobre ti ficar é o que desejo.

Sonhar virou um vício.
Amar-te uma necessidade.
E meu único tratamento.
É te ter na realidade.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Rezava eu do meu espinheiro

Do alto da dor eu Rezava

Mais um pecador brasileiro

Meu senhor não me escutava.

Ouviu-me um anjo metido,

Com ar de excelsa bondade

Que no meu sofrer entretido

Inverteu-me a noção de verdade.

Calava quando eu gritava...

Enquanto eu chorava, ele ria.

E o meu senhor onde estava?

Do meu senhor não sabia,

Mas do alto da minha agonia

Do meu espinheiro eu rezava.

Lorenna...

Os anos passam... A vida muda.
Há realmente dias em penso que não sei mais escrever.
Mas aí eu me lembro de pequenas coisas.
- Meu Deus... Quero dizer, você existe!
Aí escrevo não sei bem baseado em quê.
Não tenho em absoluto foco; além do quê, quem é que precisa de foco?
Quem precisa realmente de uma definição clara quando o fato é o que importa?
Você existe entende?
Você está no mundo, e eu posso sentir você quando respiro porque gosto de pensar-bem como sentir- que você respira o mesmo ar.
Você está aí, e eu aqui, sentindo que qualquer hora, qualquer lugar e qualquer coisa me conduzirão ao teu encontro.
-(Pois não é no mar que todo rio deságua?)
Eu sigo escrevendo, quase derramando as palavras no papel sem saber direito o que quero dizer...
Será saudade? Vontade de te ter por perto?
Será a ilusão de que vou encontrar-te ao virar qualquer esquina?
E os versos; serão de amor os versos?
Existe algum verso no final das contas que não trate de amor?
Porque às vezes parece que quero apenas saber de você...
É bem verdade quando dizes que não se pode explicar tudo,
Assim escrevendo deixo que os outros expliquem algo por mim.
Mas é bobagem minha; sempre e sempre como sempre, bobagem minha.
Acredito que tudo o que quero seja um pretexto para lembrar e saber que você sorri.
Que acorda de manhã toma café vai para a escola... Ou que se irrita, xinga ,tropeça na rua,
Ou que dorme à noite com cara de anjo bom esperando que o dia renasça para fazer as coisas novamente...
Acima de tudo você está aí no mundo, vivendo sua vida, e eu sigo aqui escrevendo e sorrindo por simplesmente saber disso.

Saudades - Jéssica Feitosa

Já não me recordo de sua voz
A única forma de seu rosto e corpo
São os que se eternizaram
Numa fotografia repousada em minha mesa.

Faço dos seus olhos fixados na lente
Uma ilusão em minha mente
De que seja para mim
Que você esteja a olhar

Assim lhe revelo meu tesouro
Revelação da foto de um dia
Que revela que nossos desejos
São-nos revelados antes de pedidos

A areia que alimenta a ampulheta
Origina-se de minhas memórias
E agora só me resta alguns grãos

De sua voz já não me lembro
Suas formas, curvas e siluetas
Odor, tato ou sequer presença

Está guardado em meu coração
Os grãos que são sua existência

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Poem perditum angelum

Acreditei, assim sem querer,
Que podia voar...
Quis assim pretender
Mas com que planejar
Se aqui nada tem?
Ao me ver pelo chão,
Confundi-me com alguém...
E então me perdi,
Por só vez todas mais,
E deixei posto em ti
O meu sonho p'ra traz
Já não penso em voar
Nem se quer sei correr...
Descontente a chorar
Nem me enxergo ao me ver
E de tudo que sei,
Compliquei-me demais
Ao lembrar que esqueci
Minhas asas e a ti
Em algum ponto p'ra traz.

Falso paradoxo

         Eu nunca te escrevi uma carta, nunca te mandei flores. Eu não pude aceitar a responsabilidade de sentir-me amado; De sentir que me querias e que ofertavas nada mais que amor mostrado em sua forma mais bruta e mais límpida.
         Eu não pude voltar à tua casa, nem pude bater na tua porta; Eu não estava enquanto choravas por qualquer razão que desconheço, e nem pude sentir o teu cheiro e o cheiro do teu cabelo molhado que me fazia pensar em crianças felizes correndo pela casa. 
         Eu não parei para ver como estavas, e nem tive a coragem –para que não se diga descência- de passar apenas para perguntar do teu dia como fiz por tanto tempo.
        Eu não pude parar para cumprimentar-te na rua mesmo vendo que os teus olhos me fitavam, e não pude dizer-te o quanto estavas linda usando um vestido branco, como de fato, sempre ficavas. Nem mesmo falar o quão perfeitos estavam os cachos do teu cabelo (prendo a respiração e aperto o passo).
        Nunca saberás o esforço que faço para não olhar para trás, ou mesmo para não gritar alto o teu nome quando nos cruzamos por essas ruas já cansadas do meu e do teu cansaço.
       Eu não pude dar-te meus motivos, nem esperar que entendesses minhas causas primeiras.
       No fim das contas, a verdade é que não pude deixar de olhar para a tua janela quando na tua rua, nem pude esquecer-me de ti me envolvendo nos teus braços. Não pude esquecer-me dos teus olhos quando me olhavam pedindo-me nada mais que a minha atenção. Não pude depois de tudo tomar sorvete de flocos como se fosse só isso ( e você tinha que adorar flocos...) .Nunca mais olhei uma estrela cadente sem dizer o teu nome três vezes, e mesmo te tendo deixado em nome da tua felicidade, nunca pude deixar de escrever-te sem que saibas nem de amar-te sem que sintas.

Se o tempo parar

Se o tempo parar
Só quero estar em um lugar
Quero estar em qualquer lugar
Desde que você esteja lá.

Se o tempo parar
Quero do seu lado ficar
E com os olhos fixados em ti
Eternamente poder ti olhar.

E assim desejarei que fique
Que os ponteiros não andem mais
Que nenhum ruido seja produzido
Que só reste você para admirar.

Se o tempo não chegue a parar
Ainda sim ficarei contigo
E sem nada pra falar
Com meus olhos a adoraria

Fintaria cada parte do seu ser
Cada detalhe, cada curva...
Admirando a perfeição
Falaria com os meus olhos

E eles assim diriam
Que o impossivel acontecesse
E que o tempo parasse
E eternamente admirar

terça-feira, 26 de abril de 2011

Carta aberta ao velho mundo

Passeio pela vida ao som de passos leves,

O que tenho é o que encontro perante o espelho

ou o que vejo de olhos bem fechados quando fixos na lembrança de alguns sorrisos.

Sinto a urgência casual da vida em tudo que os homens fazem pequeno.

Caminho errático entre seres imperfeitos ensaiando frases de boa vontade e poemas de louvor ao belo.

Ouço o vento como quem ouve música, e ouço música como quem ouve alguma variante da voz divina.

Ando sem companhia sem nunca estar só.

Não tenho lugar exato em nenhuma realidade, e faço do desdém minha resposta intelectual à necessidade de uma explicação exata ao que quer que seja.

A única coisa exata para qual nasci foi ser inexato.

Tenho feridas de corpo e alma; envaideço-me de ser homem como os outros homens e de ter consciência plena deste fato.

Pertenço a tudo o que existe sem ser alvo de qualquer posse.

Tenho meu Deus particular; escolhi a ética à religião.

Se respeito alguma lei cristã é a do livre arbítrio.

Se me prendo a algum molde é por amor, muito embora quando o amor não

justificar, o humor o fará.

Faço toda questão de admitir minha culpa. A culpa dá peso à minha alma.

Minhas orações costumam descer na enxurrada na forma de barcos de papel.

Sou início infinito com infinitas indefinições, a cada novo dia recomeço.

Morro todas as noites tentando ser eterno.

Renasço ao nascer do sol com a minha inocência posta no papel que redime meu simulacro de príncipe dos moleques.

Minha decepção é não poder ser santo.

Faço da fé um poético ato de devoção que não compra nenhum Deus vendido.

Aos que me encontrarem, se realmente o fizerem, digam que também me procuro.

Aos que não me buscam hei de bater à porta.

Nada hei de querer, pois precisar me basta.

E quando não puderes mais entender-me, escreve sem endereço, a tua própria carta.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Desejo

Gostaria de não saber Amar
Assim poderia viver minha vida sem em ti Pensar
Possivelmente estaria Feliz
Pois este amor traz uma dor onde eu mesmo me feri

Dor esta que constantemente me Aflige
E cresce como um vermelho que Tinge
Poder te Ver sem poder te Tocar
Sonhar sem Sentir-te, Amar-te e não poder te Amar

Meu corpo se estremece em resposta a isso
E carrego o pensamento da morte, indeciso
Meus Olhos cairiam, e eu não mais a Veria
Meus sentidos os seguiriam, e não mais por ti sofreria

Oh Maldito Coração, que por amor se corrompeu
E a seus Adereços, Curvas, Formas, Aromas e Fetiches se Rendeu
Minha Impotência me Amaldiçoa
E dessa prisão feita do Espaço, ela me caçoa

Em meus sonhos este Mundo não existe
E a distância entre nós está
No espaço do nosso respirar
Somente Eu e Você estamos Lá

Onde nada mais importa e nada penso, senão te amar
Permitam os céus que ao menos um dia eu pudesse saltar
E além dos meus sonhos eu pudesse te encontrar?

Poder Tocar, Abraçar
Sentir e te Beijar
Para poder provar
Que vale apena Amar

domingo, 24 de abril de 2011

Soneto de luz apagada

Estamos nós a deriva, em uma torrente do tudo que existe.
Seguimos dançando de máscaras, o baile da valsa mais triste.
Onde há mundos dentro de mundos, universos jamais versados,
Pequenas e grandes coisas, todas, com o seu próprio significado.

E os pobres outros pensantes, jogados por qualquer parte,
Encaixam-se todos num drama, que vai pela vida levar-se.
Dizem, escrevem e cantam; imploram ajuda a arte...
Por todo um só objetivo, simples, dizer-se vivo,explicar-se.

Deus meu, Quem dera a sorte de não ter que explicar nada.
Ser como coisa qualquer na vida... Apenas isso, luz apagada
E sem palavra alguma descrever-me como faz esta.

-És no mais a luz apagada, realidade não há além desta.
Ninguém pergunta: “por que não te ascendes”?
E assim nem respondes que é só o que resta.

Novo Guerreiro - Suliane Soares

Aquilo porque eu luto
Não é um Monstro brutal
mas brutalmente eu sofro
De um veneno mais letal.

Em minhas mãos não seguro
Pesados Espada e Escudo
Só à direita comporta uma caneta.

Enquanto livre deixo
Minha esquerda paciente
A esperar minha vitoria
E assim segurá-la nessa hora.

Não visto armadura pesada
Em meu combate sou ferido
Não na pele, mas no coração e juizo.

Entre outros resisto à distância
E uma doce voz me motiva
Cura minha invisivel ferida
Como o canto da Deusa da Batalha

Uma luta a mais eu lhe descrevo
Mais uma vez sonhando, não com seu beijo
Nem seu corpo, Mas com sua existência
Porque nela eu coloquei minha vida.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Um Minuto

Permita-me Por um minuto
Pensar que tudo foi Real
Que foi além dum sonho, dum pensamento
Que minha Vida com Você virou Essencial

Permita-me Por um Minuto
Mesmo que 60 segundos sejam poucos
Que foi tudo nesse Momento
Fizesse-me dar sentido ao meu Viver

Permita-me Só por um Minuto
Sonhar além
Fugir da Realidade

Permita-me Só por um Minuto
Descobrir o que é Viver
Descobrir o que é Amar
Descobrir o que é Estar Vivo

Permita-me só Em um Minuto
Ir além do que foi Dito
Ir além do que foi Visto
Saber o que é Ser Amado

Permita-me só Em um Minuto
Amar intensamente
Abraçar-te Calorosamente
Ser contigo União Perfeita

Permita-me Um Minuto
Para Olhar, Tocar, Desejar a ti
Permita-me Um Minuto
Pra que se Realize esse Minuto

quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Espera

Agora aqui estou, ora sentado, ora em pé.
No relógio os ponteiros continuam a girar.
Os passaros continuam a voar.
Os peixes continuam a nadar.
As crianças continuam a brincar.
As àguas da cachoeira continuam a cair.
O homem continua a construir, e também a destruir
Amores continuam a nascer, e também a se romper.
O mundo continua a girar.
E eu fico aqui à esperar.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vida Sem Sentido

Lógica, Sentido ou Razão
Procuramo-las no meio da Confusão
Viver deixou de ser um Prazer
Morrer nunca foi a solução.

Se procuro a Felicidade
Amanhã me tomam o emprego
Se ganho minha Promoção
Na solidão eu me esqueço.

Antes tinha Raiva do pouco que tinha
Hoje sinto Saudades da Felicidade que não via.

Quando fala-se em Violência
Vem a Paz como resposta
Quando a Paz é mencionada
Vem a Guerra como proposta.

Amar é natural, respeitar é essencial
Desvirtuas-se é legal, guardar-se é banal
A infância foi esquecida, brincar virou besteira
Namorar, Roubar, Transar, Matar, essas é a nova brincadeira.

Viver deixou de ser um prazer
Morrer nunca foi a solução
A Vida virou uma Estrada,
E eu Caminho na Conta-mão.