sábado, 30 de julho de 2011

Brave Heart( O meu poema para Cloud Strife)


A ti que fizeste do nada
O melhor motivo para amar a tudo.
Que fez da coragem espada
E do coração o teu escudo,
Escrevo de alma lavada,
Por mais que tua imagem pareça distante.
Tua lição será sempre lembrada:
“Não há nada que não seja realmente importante.”

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Oito versos, página e pé


Oito versos, pagina e pé
Versos sem pão, sem maldade ou café,
Rima pagã que diz Deus com chulé.
Versos sem dor p'ra Maria e José.
Falam em Deus, mas enfim: Quem tem fé?
Uma adivinha?  O quê é o que é?
Oito versos sem cabeça ou pé
Versos de amor p'ra Maria e José.

Coração

Normal não seria eu dever
Além do simples pensamento
Braços ou pernas eu mexer
Fazer em mim meus movimentos

Normal não seria eu administrar
Cada etapa, invisível a mim,
Do ar, ou comida que deixo entrar
Minha nutrição trabalhar

Normal não seria acontecer
Outra pessoa minha mente ler
Embora eu desejasse assim
Em outra pessoa o mesmo fazer

E assim descobrir então
Se somente eu que a seqüestro
E no meu mundo a guardo.
Se esse crime ela já cometeu

Porque normal seria
Eu, pelo menos, gostaria
Poder entender essa batida
Se meu peito, musica não toca

Ver em cada pessoa
Cada rosto, um espelho
E não ser eu, mas
Outra ele fazer refletir

De ponta a ponta
Um paraíso nunca tido
Desejo bem mais além
Do qual já possuo estadia

Normal não seria
Mas eu gostaria
De pelo menos ele
Eu conseguir entender

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ao relento (Ou a mágica do desconhecido segundo Rebeca)

Fazendo da nota fato,
Eu nado por entre os carentes
Jogado entre muitos relatos,
Tão cognatos às nossas gentes.
Escolho as palavras sem medo,
A simplicidade me anima.
Sou bobo? Claro, concedo!
-Eu ligo as ideias por rima...-
Descobriste já o meu segredo,
O que por fim me desatina?
É que já não me move o enredo:
Sou Pierrot sem Colombina.
Nada me prende, ninguém me tem;
Estou em cada província vista.
Feito de nada; Eu sou ninguém.
Sei que o meu nome não consta na lista.
Nadando sempre por entre os fatos,
Eu sigo torto por entre os carentes,
Cantando entre tantos relatos
Tão cognatos às nossas gentes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Eternidade (2)

A Eternidade é só um momento
Um mero momento para ser aproveitado
Vivido, sem medo de ter se arrependido
Ou passar dias chorando o seu lamento

Não é para sempre que se dura a Eternidade
Mas sim um pequeno, mero momento
Da nossa vida que dura além da nossa capacidade

Não há anos que meçam a eternidade
Nem memórias ou registros da humanidade
O Coração que batem o Amor que nasce
A Saudade que fica e a Esperança que prevalece

Muitas Eternidades já tive e quero ter
Mas se as fosse resumir...
Só precisaria dizer uma palavra: Você

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Indecisão

Poderei em terras eu navegar?
Novas coisas eu encontrar?
Mais riquezas eu acumular?
Novos amores eu me encantar?

Vento sopra, sempre é tempo
Sempre é tempo de navegar
Meu barco está pronto, mas
Não irá ele tremular?

Penso ter barco bem preparado
Mas nunca se sabe o tempo
Que demorará a chegar
Nessa terra que estou a visitar

E minha terra como ficará?
Sendo que eu dela vou me ausentar.
Dará ele frutos ainda a mim?
Serei dela ainda seu dono?

O vento corre, sempre e forte
Agora é tempo de navegar
Com demora. Sem demora
Sempre a tempo de navegar

Devo ir agora. Vou agora
Preciso me prevenir. Vou me apressar
Pode outrem tomar meu lugar
E com terra nenhuma eu ficar

E se outro lá já estiver?
Como eu ficarei?
O que devo eu fazer?
Devo me apressar?

Penso e Paro
Paro e Penso
E o Vento soprando
E o Tempo Passando

terça-feira, 19 de julho de 2011

Soneto da Realização

Do meu Sonho eu te puxo
Finalmente paro de te perseguir
Das infinitas Maratonas que correra
Procurando o lugar que se escondera

Num abraço eu te Amarro
Com Nós que ninguém saberá desatar
E até mesmo um suor
Entre nós morreria sufocado

E você, donzela dos meus sonhos
Que realizara cada desejo meu
O que falaria a mim?

O tempo está a acabar
Diga-me logo o que me achou
Pois agora só quero, realmente, te amar!

domingo, 17 de julho de 2011

A carta de dezessete de julho

O tempo frio me deixa com vontade de escrever cartas, sem razão exata, só escrever cartas. Cartas tristes, apaixonadas, cartas novas com velhas coisas sobre mim e sobre o mundo como eu vejo.

Eu sempre escrevi sabe, mesmo quando não sabia o que era exatamente que escrevia, mesmo quando era em papel de pão ou capa velha de disco, e sempre de alguma forma me senti destinado a dar a mim mesmo alguma chace de dizer o que ninguém parece querer ouvir, mesmo quando as cartas já não tinham destinatário, mesmo quando o amor faltava nas linhas e mesmo quando parecia uma imensa perda de tempo como me parece neste dia dezessete de julho no qual, a cada repetição da data, sempre escrevo algo mais e mais sem graça.

A verdade é que, com o passar do tempo, vão-se as ilusões da infância e o abandono que se sente quando elas vão embora segue despontando na alma junto com as mnemônicas recordações de qualquer coisa. Que chato!Sempre uma coisa leva a outra não? Com o tempo, quando se vive como eu vivi e sigo vivendo, vai-se quase tudo. vão-se as coisas, os gostos, os cheiros, e você começa a sentir que tudo está ficando assustadoramente menor que tudo e maior que nada...e acaba que, sem que você perceba, as cartas já não têm destinatários, você já não quer falar de si mesmo e tudo o que realmente deixou alguma marca está do lado de dentro, e você acaba por pensar que quer esquecer tudo tudo para não ter que acordar com você mesmo no dia seguinte, sozinho de novo; triste de novo.

As cartas são as mesmas? Não sei, mudei muito com o passar dos anos, cada vez sou menos eu. Alguns poetas dizem que estamos sempre escrevendo o mesmo poema de uma outra forma. Pois é...

Devo seguir esse mesmo princípio.

As pessoas são as mesmas? Olhando daqui até parece, mas de fato não sei, estou da porta para fora e só elas e suas atitudes me dirão o quão certo ou errado eu posso estar sobre tudo o que posso realmente ter delas.

A vida é a mesma? É o único ponto onde posso afirmar com certeza que sim. O mundo é o mesmo e ele transpira ganância e maldade; os homens em sua maioria são frios e corruptos -salvo um ou outro anjo que de tempos em tempos desponta no meu horizonte.- E eu não sou tão diferente deles quanto gostaria.

Eu queria tanto ser santo sabe, os santos são tão bons e tão excelsos que nunca precisarão escrever cartas explicando a sua humanidade a si próprios; eles não precisam cobrar o preço de ter consciência, de fazer absoluta e repudiável ideia sobre as coisas, eu preciso e eu cobro como ninguém se atreve a pensar possível e sinto como ninguém nunca saberá realmente. Mas a minha santidade está perdida entre os meus suspiros e os soluços que ouvi uma vez em alguma noite fria desse mesmo mês.

Mas pensando bem deve mesmo ser sim a mesma carta, outro fragmento de fragmento, outro pedaço do meu despedaçado peito, preso em algum século passado por apoiar alguma revolta camponesa, e eu escrevo para ver ressoar no vento de outras ideias todo esse nada que eu sinto, o vazio, a ausência, o eco do meu grito que ninguém parece mesmo ouvir. A carta é infinita se puder seguir com o vento e eu conto ao vento as minhas mágoas para não incomodar ninguém e faço do papel meu confidente porque alguém precisa saber algum dia.

O tempo frio antes não dava sono nem náusea, hoje eu tenho muito sono e muito enjoo, e tenho certeza de que preciso dormir para acordar para dentro, dormir para me encontrar de algum jeito,ou esquecer tudo o que sei, ou me perder de vez, ou mesmo não vomitar enquanto olho o espelho e esfrego as mãos sujas sobre a boca mal desenhada; Preciso mesmo dormir porque assim nem sofro, nem escrevo, só durmo e dormindo talvez possa ser santo. A pausa da grande carta, o ingênuo sono.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estação


O inverno chegara muito frio
Poderia a senhorita da Caixa Preta
Ter me prevenido isso?
Estava ela tão fina que não a vi?

Sentar-me com leite quente
E cegar-me diariamente
Falecer em minha própria residência
Ora, mas antes já fazia isto!

Minha Mão e meu Sorriso
Agora eles, posso a todos garantir
Sempre um para cada amigo
Mesmo na cama estando eu a dormir

E a muitos tenho a lhes dar
Muitos eles que nem vejo
E para aqueles que não me vêem
Declaro enorme amor e desejo

Comungo-lhe: Segredo,
Esperança, Sonho,
Paixão, Amor e Beijo
Mais fiel do que ao Carpinteiro

E desgostado não fico
Querendo eu ser visto
No Alto Mar improviso
E com risos me glorifico

Tanta coisa a se fazer
Nesse inverno prematuro
Mas ora, como pode?
Agora não é época de inverno!

sábado, 2 de julho de 2011

O triste poema do gênio passional

Sou um cretino, escrevo sobre o mundo,

A vida, galaxias inteiras;

Sobre a fome no nordeste e a violência no centro-oeste;

Falo de cinema, literatura e outras formas de arte;

Sobre modelos socioeconômicos e políticos

E...sou um cretino, talvez o pior deles.

Escrevo sobre bondade e humanidade;

Travo debates sobre Platão com Hedgar;

Falo de jogos, desenhos e coisas da pós-adolescência.

Sabe, eu falo, escrevo, falo...

E o tempo todo o meu peito está apertado,

E eu acho que nunca poderei mesmo pensar nessas coisas

Como deveria.

Porque, sempre que quero mesmo pensar,

Me vem a frase de sempre:

“Na verdade a gente nunca mais se vê...”

E me bate um amargo na boca com uma descrença na vida...

Sou um cretino que passa muito tempo com a boca aberta,

Falando no piloto automático,

E estou sempre preocupado com o fato de que,

Embora te veja sempre, já não te veja mais.

E eu quero ser cidadão do mundo,

Mudar o conceito de humanidade,

Dar um jeito na política e pobreza...

Mas sou um cretino que não pode mudar nem mesmo

O peso da tua ausência presente sobre a própria alma.

E eu sigo o molde, me misturo...

Eu estou sempre entre as pessoas.

Sigo achando-as adoravelmente simplórias

E até fico feliz por isso.

Mas sou um cretino, e gente como eu não pode se dar

Ao luxo de ser feliz muito tempo

(Embora possa fingir- para sempre- se preciso for).

Claro que sabes dessa minha cretinice! Por que outro motivo

Me seria tão distante?

No dia em que sentei à tua porta porta para pedir desculpas

acabou que não saíste o “tu” que eu esperava,

E eu segui de lá para cá remoendo,

Como quem come grãos de café com água de boldo.

A verdade é que, passe o tempo que passe,

Para mim tudo foi ontem.

E eu não consigo pensar no mundo quando lembro

Que você caminha nele.

E foi só um beijo, não foi?

-Não, não foi, não e não!-

Outras bocas depois da tua boca;

Outros corpos depois do teu corpo pequeno,

Cheirando a sexo e doce.

Plutão não é mais um planeta sabia?

Mas sim, minha cretinice é notória e eu tenho

O mau hábito de escrever como penso e rezar

Para que soe como falo.

Eu deveria pensar o universo,

Ascender às alturas em quadros e quadros de

Equações sobre a física quântica,

No entanto, sempre que rabisco sobre o assunto, acabo

Esbarrando em qualquer dimensão onde estamos juntos;

Onde não foi só um beijo louco e roubado;

Onde nossos filhos são lindos e inteligentes,

Leem Voltaire e tocam violino.

Ou onde vamos juntos ao cinema, ou a qualquer

Outro lugar felizes, e onde a força das circunstâncias

Não permita que sumas para sempre da minha vista,

ficando apenas em minha memória e em um punhado

De cartas poema inúteis e choronas,

Como tanto me envergonho de ser.

Eu deveria estar mudando a minha vida, mudando o mundo;

Fazendo algo realmente importante...

Mas eu não vou, porque sou cretino.

E não vou principalmente porque,

Quando eu queria mudar o mundo,

Todos os meus planos passavam por você de alguma forma.

Sem você -para sempre e sempre-

Perdi todas as razões para tentar mudar a mim mesmo

E agora só quero dormir o sono redentor dos cretinos

Que nem sabem o que são.