sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Apatia Apartidária

Não mudei a trajetória do disparo,
Simplesmente saí da linha de tiro.
Não pergunto, não respondo e nem comparo;
Se insistem fecho a boca e me retiro.

Estou sem saco pra brincar de escolher lado
Se o meu lado nunca foi o escolhido
E se me dizem que me faço de bastardo
Eu digo:"Sim, mas que não pousa de vendido".

Cada um na sua "moita", é a lei do dia,
E que me esqueçam pra eu viver minha "preguiça".
Que não afrontem o meu leal "culto do ócio"
Se não me meto a bagunçar a vossa missa.

Tranquilo eu sigo, olhando pra cima;
Gastando os versos, polindo as rimas...
Deixo o circo pegar fogo,
Deixo a "torcida" entrar no jogo...

-O que eu não deixo é que essa gente me deprima.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Osso Ruído

Com o tempo a gente se exempla,
Conhece novas faces da verdade;
E vê que quem gaba sua própria “reza”
Nem mesmo conhece da missa a metade.

E a gente, mesmo doído, meio acabado,
Fica feliz, não de ter sofrido,
Mas de saber sofrer calado,
Sem constranger nenhum ouvido.

E segue a fazer sofrer versado,velado, polido...
Com tamanha dose de cuidado
Que, assim como o osso ruído,
Atende só a quem se interessa,

Transformando o bocado sofrido
Em solidária alegria sem pressa.

sábado, 22 de março de 2014

Descortesia à brasileira

Tem dias em que a gente acorda
Num mal humor poético,
Num frenesi de descompasso estético,
Sem nem ter língua pra lamber ferida.
Tem dias em que a gente acorda PUTO DA VIDA!
Acordamos pois, sem paciência para nenhuma espera,
Fazendo de qualquer coisa som que reverbera
E que agride ao nosso pensamento.
É meio raiva, meio sussurro, meio lamento...
É algo na casa, no chefe, no firmamento,
No gerente, no presidente, no parlamento...
É algo que, de tão bem constatado, já não se explica.
É papo de pobre, de mendigo, gente rica,
É coisa de seca, de fartura, carro pipa...
São tantas palavras que o metodismo se perde
Em meio à euforia.
E você, meu caro, quem diria,
Se vê condenado a falar impropérios em voz alta.
“PUTA QUE O PARIU, a serenidade faz falta”
Mas o que eu teria se sereno fosse?
Algo de graça, de comportado, de homem doce?
Algo de belo, de paciente, de quem findou-se?
Ou seria mais um fingido,
gracejando uma moral malquista?
É melhor ser passageiro ou maquinista
Quando se discute o próprio destino?

-Sendo homem, homem serei, não mais menino.-

E agora escrevo desleixado,
A um povo acostumado a só lamber ferida.
Tencionando mesmo ser mal educado,
Pois hoje eu acordei meio PUTO DA VIDA.