Tem dias em que a gente acorda
Num mal humor poético,
Num frenesi de descompasso estético,
Sem nem ter língua pra lamber ferida.
Tem dias em que a gente acorda PUTO DA
VIDA!
Acordamos pois, sem paciência para
nenhuma espera,
Fazendo de qualquer coisa som que
reverbera
E que agride ao nosso pensamento.
É meio raiva, meio sussurro, meio
lamento...
É algo na casa, no chefe, no
firmamento,
No gerente, no presidente, no
parlamento...
É algo que, de tão bem constatado, já
não se explica.
É papo de pobre, de mendigo, gente
rica,
É coisa de seca, de fartura, carro
pipa...
São tantas palavras que o metodismo
se perde
Em meio à euforia.
E você, meu caro, quem diria,
Se vê condenado a falar impropérios
em voz alta.
“PUTA QUE O PARIU, a serenidade faz
falta”
Mas o que eu teria se sereno fosse?
Algo de graça, de comportado, de homem
doce?
Algo de belo, de paciente, de quem
findou-se?
Ou seria mais um fingido,
gracejando uma moral malquista?
É melhor ser passageiro ou maquinista
Quando se discute o próprio destino?
-Sendo homem, homem serei, não mais
menino.-
E agora escrevo desleixado,
A um povo acostumado a só lamber
ferida.
Tencionando mesmo ser mal educado,
Pois hoje eu acordei meio PUTO DA VIDA.
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