sexta-feira, 25 de maio de 2018

A indireta

Eu não vou te dizer coisa alguma,
talvez nem hoje, nem amanhã
nem tão cedo...
E não é por nenhuma negação da minha vontade, nenhuma abnegação bem medida de escritor meia-boca...
Eu não vou te dizer nada porque,
Embora adore falar contigo, eu aprendi
Que não te preciso.
Eu te quero como quero bem às aves,
Como quero aos bichinhos inocentes do mundo;
Como quem vai ao teatro e não tem nenhuma intenção de levar se não a experiência consigo.
Eu te desejo um bem absurdo, mas aprendi a querer bem sem pensar em retorno;
Sem procurar laços, sem envolver nada...
Eu aprendi que ao abraçar não te via de frente e não podia realmente saber de ti só pelo som dos teus suspiros.
Eu não vou te dizer nada,
E não vou dizer porque prefiro observar as coisas sem minha intervenção nelas.
Pensar sobre, dedicar os versos de uma ternura sem preço e um carinho sem identidade,
Assim, indigente, que aparece e some do mundo sem dar satisfação,
Que apenas evanesce e nisso encontra seu maior valor...
Eu não vou mais te dizer coisa alguma
E esse silêncio é sim uma canção de amor.

terça-feira, 1 de maio de 2018

O ordinária e a graça

-Ouço um cara na rua falando com um fascínio comemovente sobre a aparência de algumas galinhas...
Deus meu, que inveja...
Queria eu me sentir fascinado dessa forma,
Como se houvesse mesmo algum valor imensurável em algo...
Nem que fossem galinhas.-