sábado, 27 de agosto de 2011

Infantilidade (ou poema infantil-III)

        Eramos ninguém. Não precisávamos de nomes, nem de um verbete qualquer que se arriscasse a uma aproximada descrição; nem precisávamos de consciência para indicar tudo o que precisávamos fazer, mas não fazíamos por, no fundo, não achar de fato o melhor.
Eramos vento; uma brisa quente e macia que chocava nossas vontades e entre nós tudo movia.
Eramos olhares ansiosos, pedidos de perdão que não sucediam erros, apesar de alguém assim os chamar.
E as desculpas que tínhamos de dar não se deviam a nenhum crime que não o nosso sentir tão mútuo e, a nós, tão desleal.
        Eramos perfeitos à imagem e semelhança dos nossos sonhos, e eramos inocentes a ponto de achar que o resto era só o resto, e que este sempre estaria a quem de nossa real pretensão.
Eramos o meu pretexto e minha convicção em acreditar que os fins justificariam quaisquer meios se fossem nobres.
        Eramos tudo o que tínhamos apesar de nada sermos.
Eramos minha vontade de mudar o mundo e de tê-lo melhor para nós.
Eramos tudo do que posso sentir saudades sem pesares quanto as minhas ações.
Eramos um sentir e também um pensar.
Eramos o teu e o meu coração, indo juntos a nenhum lugar.

2 comentários:

  1. Esbarrei hoje com este poema em um caderno velho,acabei achando que, apesar de se tratar de um poema antigo, o sentimento que o motivou sempre reaparece para me tirar a paz...rsrsr
    Pobre canceriano bobo com memória de elefante eu sou...

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  2. PERFEITO . AMO demais os poemas infantil. *--* Impossível distinguir o melhor . Todos são ótimos.

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