A carta rimada
Guardava um segredo
De vento e verdade
Que a boca não ousa.
Se dito o que escreve
Ecoa no tempo
Falada se perde
E vira outra coisa.
A carta rimada,
Magia de circo,
Haikai disfarçado,
Com algo inexpresso.
A carta rimada,
Me deu calafrios
Trocou-me a danada
A função dos verbos.
A carta rimada,
Tão cheia de vidas,
Tão farta de histórias
De falsos amores.
Com rimas de sangue,
Tão sínica e triste,
Que em seu preto e
branco
Mostrou-me outras
cores.
A carta rimada,
Não mais um poema,
Prisão de vivente
Em escrito perverso.
A carta rimada,
Uma carta somente,
Que ri descontente
Do autor dos versos.
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