quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A carta rimada


A carta rimada
Guardava um segredo
De vento e verdade
Que a boca não ousa.

Se dito o que escreve
Ecoa no tempo
Falada se perde
E vira outra coisa.

A carta rimada,
Magia de circo,
Haikai disfarçado,
Com algo inexpresso.

A carta rimada,
Me deu calafrios
Trocou-me a danada
A função dos verbos.

A carta rimada,
Tão cheia de vidas,
Tão farta de histórias
De falsos amores.

Com rimas de sangue,
Tão sínica e triste,
Que em seu preto e branco
Mostrou-me outras cores.

A carta rimada,
Não mais um poema,
Prisão de vivente
Em escrito perverso.

A carta rimada,
Uma carta somente,
Que ri descontente
Do autor dos versos.

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