Caminhei Saltando em um pé só à beirada do abismo. Saltitei displicente entre colapsos dementes de entusiasmo sem medo, pois que medo eu teria? O senhor era meu apoio e meu guia.
Quando tantos caiam à minha esquerda e direita; Quando já não havia razão para pressupor qualquer fé ou coragem de qualquer tipo; senhor eu nada mais ouvia, pois era só tua sentença que me interessava, e esta só do senhor viria.
Que fosse feita a tua vontade e que eu presenciasse tantas quedas quanto me permitisses. Nada além do teu querer moveria meu corpo ou motivaria meus atos, e se tivesse que ouvir alguma coisa, nada mais ouviria que não a tua voz a me tranquilizar e afagar meus ouvidos.
Orei e orei satisfeito, e quando algum machucado doía que se deixasse doer, pois o senhor meu Deus via tudo, e de certo por mim proveria.
E quando por fim houve de eu cair, quando saltei para dentro do próprio abismo sem fé ou esperança de retorno, vi toda a potestade divina gritar meu nome em coro. Mas eu já não era eu mesmo, e cada anjo que tentava o meu resgate sete vezes me amaldiçoava.
Chorei lágrimas com sete vezes mais sal, e quando no fundo do abismo uma voz perguntou-me: “Como Pôde cair se sabias que o senhor te amava e sempre estaria contigo; se sabias com tanta segurança que te daria o que quisesses dentro de seu reino glorioso; como pôde abrir mão de tudo isso?”.
Respondi entre soluços de maneira tão simples quanto pude: “Estaria eu sempre em debito com o criador e isso me atormentava como um terrível castigo, e preferi deixá-lo e fugir com a minha dor, pois nada nunca pagaria o seu amor para comigo”.
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