Eramos ninguém. Não precisávamos de nomes, nem de um verbete qualquer que se arriscasse a uma aproximada descrição; nem precisávamos de consciência para indicar tudo o que precisávamos fazer, mas não fazíamos por, no fundo, não achar de fato o melhor.
Eramos vento; uma brisa quente e macia que chocava nossas vontades e entre nós tudo movia.
Eramos olhares ansiosos, pedidos de perdão que não sucediam erros, apesar de alguém assim os chamar.
E as desculpas que tínhamos de dar não se deviam a nenhum crime que não o nosso sentir tão mútuo e, a nós, tão desleal.
Eramos perfeitos à imagem e semelhança dos nossos sonhos, e eramos inocentes a ponto de achar que o resto era só o resto, e que este sempre estaria a quem de nossa real pretensão.
Eramos o meu pretexto e minha convicção em acreditar que os fins justificariam quaisquer meios se fossem nobres.
Eramos tudo o que tínhamos apesar de nada sermos.
Eramos minha vontade de mudar o mundo e de tê-lo melhor para nós.
Eramos tudo do que posso sentir saudades sem pesares quanto as minhas ações.
Eramos um sentir e também um pensar.
Eramos o teu e o meu coração, indo juntos a nenhum lugar.
sábado, 27 de agosto de 2011
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Poema pela metade
Eu quero hoje
escrever um poema sem classe,
Um poema mesmo de poeta
bem pobre,
Daqueles que tornam um
mendigo esnobe
Por duvidar da sua
mediocridade.
Eu quero escrever um
poema miserável,
Realmente infeliz por
inteiro,
E não mais um poema
pela metade.
Eu quero um assunto,
qualquer troço verdadeiro
Que desafie a vã
obviedade.
Algo que defina o meu gosto,
Que me dê algum rosto,
alguma vontade...
Mas quero hoje algum
poema inteiro;
Eu já cansei de
escrever pela metade.
Porque, quando é de
madrugada,
É sempre o mesmo vazio
que me invade.
Eu penso coisas sobre fim e recomeço;
Eu desfio toda a
realidade.
Me mostro em cores que
não reconheço,
Escrevo versos sobre a
santidade;
Relembro um velho amor
que não esqueço...
Encontro em mim alguma
vaidade.
Mas quando amanhece, ah
quando amanhece,
Eu tenho que voltar
para a vida.
Mentir a mentira
cotidiana e compartilhada;
Fazer caras e bocas
para o meu povo,
Trilhando com tudo a
estrada do nada.
E é dormir, acordar,
fazer de novo...
Não sei se tenho
estômago para esta verdade,
Mas quero hoje um poema
inteiro;
Eu já cansei de
escrever pela metade.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Dominação
Trovões rugiam incansavelmente
Até que suas lágrimas escorressem
Em vales que neles desejassem
E flores cultivar pacificamente
E lutaram quase que no eterno
Contra o “Escolhido Senhor”
Suas luzes superaram
Nas nuvens, a mão do Opressor
Zeus e o Olímpio foram astutos
O tempo não foi longínquo
Imperceptível se tornou
A derrocada dos pequeninos
O tear, roubado
Os Elíseos, tomado
Os trovões então,
Por si próprios, cegados
Até que suas lágrimas escorressem
Em vales que neles desejassem
E flores cultivar pacificamente
E lutaram quase que no eterno
Contra o “Escolhido Senhor”
Suas luzes superaram
Nas nuvens, a mão do Opressor
Zeus e o Olímpio foram astutos
O tempo não foi longínquo
Imperceptível se tornou
A derrocada dos pequeninos
O tear, roubado
Os Elíseos, tomado
Os trovões então,
Por si próprios, cegados
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
O insensível poema do homem sem lágrimas
Chora.
Eu não posso confortar
ninguém hoje;
Eu não posso fingir
que sei das coisas,
Ou talvez eu só não
queira.
Chora.
Deixe o blues tocar
forte a tua alma,
Entre as notas mais
limpas e mais sentidas
[da melancolia que é
a nossa vida.
Chora vai...
Chora por nós dois o
que eu não posso chorar.
Chora a mágoa de saber
a mentira que é a civilização
E a loucura que é amar
hoje em dia.
Chora que aí, quem
sabe, eu possa te dar a mão,
Beber tuas lágrimas,
E dançar contigo de
Olhos bem fechados.
Mas chora.
Me prova que alguém se
importa com as coisas
[além de si.
Chora para eu saber que
a tua dor é uma
[que se soma entre outras,
E não um mar de egoísmo.
Chora e aí talvez eu
sinta saudades do que perdi contigo.
Eu ainda vou estar aqui
quando as lágrimas secarem,
Mas, por enquanto,
deixe a dor tomar conta de tudo
Para que eu possa
sofrer e, se preciso, morrer contigo.
Não me diga uma
palavra, não agora.
Apenas chora, chora...
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Aos gentis e carentes com todo amor que me resta
Quero de volta a minha
vontade de dizer, de expressar com força a minha opinião, aquela
gana para falar de mim como quem sabe e não como quem pensa que
esqueceu os detalhes quando são eles que fazem a diferença.
Eu quero o troco. Quero, eu sei, porque já paguei caro demais pelas coisas que não
ganhei.
Dura estrada espinhenta,
Canto rouco em verso e
prosa;
Sigo sempre em marcha
lenta,
Deixo aos espinhos
sangue pra rosa.
Eu vou, eu sou durão. Sou muito teimoso para admitir qualquer lógica que me separe dos
sonhos.
Os sonhos são o que
resta; O mundo é um retrato velho jogado na água e todo dia eu subo
à superfície para respirar.
Quem sabe se um dia eu
não arrasto o mundo comigo e o meu povo respira?
Quem sabe eu não trago
à tona o Brasil de poetas sem teto que passam fome e amam os livros?
Quem sabe eu não possa
mostrar que na irmandade da mendicância há muito mais poesia do que
na fartura de quem se basta?
Eu preciso é dos
miseráveis e dos animais doentes, dessa gente triste e sorridente
que ocorre por todos os cantos da minha realidade...
Sabe o que eu descobri?
Com esses é que tenho irmandade, e pra esses eu canto!
Rouco, louco...
Muito ou pouco!
Vou rimar quando me der
na telha e dizer o que preciso que saibam nas elites, considerando
toda forma de expressão, porque eu sou outra voz dos desfortunados
e sei que eles precisam não da minha poesia, mas de qualquer poesia
que seja para seguir em frente.
Quem sabe não ajudo a
puxar o quadro velho e faço do mundo um lugar enfestado de loucos
inofensivos e apaixonados, inebriados pela graça e beleza dos clows
shakespearianos?
Quem sabe não ensino a
certos homens que não é preciso ser santo, apenas bom o bastante?
Quem sabe um dia,
alguém não gritará alto meu nome dizendo-me herói de qualquer
nobre cruzada, não em nome de qualquer deus, mas em nome do fim da
covardia e do esquecimento dos quais há tantas vitimas?
Ah meus amigos, venham
comigo, falem exatamente o querem falar, o que precisa ser dito.
Eu apagarei, vocês
apagarão. Somos cigarros nas mãos do tempo, queimando devagarinho;
morrendo dia após dia, esperando para ser feliz depois, quando a
casa da certeza é o agora.
Eu não vou mudar o
mundo, eu sei disso, mas eu vou morrer tentando e se alguém vier
comigo tudo vai ter valido a pena; Eu não terei sonhado sozinho,
gritado sozinho, enlouquecido de amor pelas coisas, pelos
necessitados e gentis sozinho.
A minha alma vai nos
versos e eu deixo neles o meu legado, prova de que os carentes de
sorriso largo tem alguém que os ama, que os bichinhos famintos e
inocentes tem alguém que pensa neles e, enquanto eu puder, subirei à
superfície para respirar cantando para mim, para eles e para todos
os que sentem como eu a necessidade de um quadro novo e de um mundo
melhor.
Pedido
Peço que durma agora
Só assim poderá ser
Que dos horrores, possa você,
Desse mundo ir embora
Não me sobrou nenhuma opção
Peço que se cubra na Solidão
Faça por você, por todos nós
Fale! Grite! Não silencie sua voz
Não tens mais que temer
Senão toda pura vaidade
Peço que veja a Verdade
Que seu irmão a faz não ver
Esqueça suas omissões
Não tremule suas ações
Não aguarde que lhe chame
Peço que não se Prolongue
Só assim poderá ser
Que dos horrores, possa você,
Desse mundo ir embora
Não me sobrou nenhuma opção
Peço que se cubra na Solidão
Faça por você, por todos nós
Fale! Grite! Não silencie sua voz
Não tens mais que temer
Senão toda pura vaidade
Peço que veja a Verdade
Que seu irmão a faz não ver
Esqueça suas omissões
Não tremule suas ações
Não aguarde que lhe chame
Peço que não se Prolongue
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Maestro
A tua mão me guia
Dançando uma valsa harmônica
Leve como a brisa do dia
O teu movimento me conduz, me convida
No meio ao silencia surgia a melodia
Inaudívelmente tocando em meu coração
Que não sabera eu sequer que existia
Mas tu, em mim, ela encontraste
E eu te sigo em marcha
Em meio ao sol cálido
E embora já cansado
A tua mão me motiva
E não importa onde esteja
Tocando em meio aos dez, aos mil
A nós tu sempre deste a certeza
Sabemos que de tu somos “Filhos Mios”
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