“Carnaval, carnaval, carnaval”...
Eu fico triste quando chega o carnaval.
É tanta gente de bem
Fingindo não estar mal;
É tanta falta de senso
Que às vezes de fato penso
Que a gente não faz ideia
Do mundo em que a gente vive.
É tanto morro, favela, declive...
São pessoas que não conheço,
Lugares onde não estive.
E aqui de longe tudo é samba; tudo é festa,
Quando na verdade não se sabe nada.
É tanta gente doente, suja, maltratada;
É tanta necessidade, tanta bondade mal-cultivada.
E o meu povo samba faminto,
Fazendo do descaso algo banal.
São quatro dias de festa
De uma pseudo-inclusão social,
E os beijos infectados, e a música de fundo
Não devem mesmo fazer nenhum mal,
Mas pode crer - é verdade- eu não minto,
No fim das contas sabe o que eu sinto?
Eu fico triste quando chega o carnaval.
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