sábado, 25 de fevereiro de 2012

Grosseria


E daí,
Se eu saltar ou cair, se eu falar de morrer,
Se parar de sorrir,
Se perder minha fé, nada mais engolir,
Se eu mudar minha cor...
E daí?
Se teimar em brigar, se o muro cair,
-E se eu derrubar,
Vou estar em vantagem?
E se eu me opuser,
Chamarão de coragem?-
Vou perguntar com um sorriso amarelo,
E daí?
-É que muita gente sabe muito dos outros,
Mas quase nada de si... -
Esse mau humor não me deixa,
Essa insônia não deixa dormir.
-Sim, tudo em pedaços,
O abajur e os cacos de vidro,
No chão de terra batida...
Eram fantasmas, eu os ouvi.
Mas farão outra vez a
Mesma pergunta de sempre,
Coisa de gente alheia, indiferente:
E daí meu pequeno, e daí?


sábado, 18 de fevereiro de 2012

Saudação


Salve musa inata do poeta sonhador.
Salve salve, salve teu dia
Salve qualquer canção de amor
Que me espante esta apatia.
-Raios de sol poente em flor-
Salve a noite após outro dia.
Salve esta, salve aquela...
Salve rima, cheia ou vazia,
Salve o olhar da moça mais bela
Do querer nosso de cada dia.
Salve o distante barco a vela,
Salve maré, salve alegria...
Salve bairro, ruinha ou viela,
Salve salve, feijão na panela,
Salve salve a moça mais bela
Do querer nosso de cada dia.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Poema em potencial

Tudo o que há é um poema em potencial.
Homem, praça, pedaços de pau;
Simples café no comer matinal;
Tolos ou sábios, estranho, normal;
Brasil ou China; Tibet, o Nepal;
Óculos de sol, sem lente ou de grau;
Trabalho escravo, exclusão social,
Alegria ou tristeza, Açucar ou sal;
Amores sem fundo, vontade banal,
O topo do mundo, tormento infernal;
Tudo e nada, início ou final,
Tudo em tudo, de tudo que existe,
Se existe, é um poema em potencial.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Prelúdio de paixão (Para Neko-Chan)


O tolo homem de corpo tão quente
Não percebeu o porque do calafrio,
Nem entendeu o que se dera de repente,
Só entendeu que de repente estava frio.
Mesmo sentindo o calor do corpo quente
O tolo homem esbarrara no vazio.
Estava frio, estava frio realmente.
“-Mas esse frio, como pode estando quente?-”
E o tolo homem a contra gosto sorriu.
Estava frio...Estava frio?

Estava quente!

Mas de algum modo ao mesmo tempo estava frio,
E o pobre homem questionava novamente:
“-Qual seria a razão desse arrepio?-”
Estava quente, corpo em brasa, estava quente.
E quando em um piscar de olhos ela sorriu
Ao homem tolo que cantava alegremente,
O pobre homem de repente percebeu
O que causava a sua dúvida vigente.
De imediato a canção ele esqueceu,
Restando só um pensamento em sua mente.
E disse pois sem sombra alguma do vazio:
“-Está frio, quente e frio, frio e quente...-”