Sempre existirá em nós esse fantasma horrível e melancólico do mundo como ele nunca foi; Aquele que aparece e senta, invisível, do nosso lado durante as madrugadas de insônia regadas a analgésico e blues…
Sempre existirá essa necessidade cafona de explicar pra nós mesmos as nossas boas intenções, a despeito de quanta verdade exista nisso; Essa persistência de, em algum ponto da tênue linha da vida, justificar, por uma questão de sobrevivência, tudo aquilo que não somos e a distância entre a pessoa no espelho e a pessoa que gostaríamos de ser na realidade, como esse titã, indiferente. inalcançável...
E quando finalmente acharmos que nos tornamos essa pessoa, olharemos pra trás tentando ter orgulho de tão pouco, se formos honestos, percebendo que, na verdade, a pessoa que projetamos para a realidade de hoje não existe, e que essa que existe hoje também projeta algo que nunca será palpável dentro da nossa compreensão de existência.
Talvez só nos reste este esforço teimoso e absurdo para encurtar a distância…
E talvez seja assim, entre nossos pequenos vícios e a decepção daquilo que nunca seremos, que o mundo acaba conosco.
(Dedicado a E.V.)