sábado, 28 de setembro de 2013

Ressaca do mês de Julho (para Alain Oliveira)

Andava eu no pingo do meio-dia,
E me veio falar titubeante,
Com bravata já comum ao bom passante
O peregrino que tomou minha alegria.
E ele disse, com “brado retumbante”,
Que o gigante acordado adormecia,
Quando diziam que acordava o tal gigante.
-Mas peregrino, que diabo tu querias
Dado o quadro por demais apavorante?
Não tem mais doutor disposto
E o povo se disfarça pensante.
“Boi” segue burro o seu rebanho
E, embora siga relutante,
Vai descendo a ladeira, mansinho.
Vai mãe, pai, filho, vizinho...
Que ainda é melhor que parar no meio.
E se alguém perguntar faz-se de alheio;
E o covarde ainda pousa de marchante,
De ativista, progressista, protestante...
Faz-me rir o povo brasileiro
De hipocrisia tão constante.
Mas que mal pergunte ao companheiro,
Pra onde se encaminha neste instante?
-Vou com a multidão cantar o “coro”

Pra manter dormindo o tal gigante.